A DISCIPLINA DO AMOR - Lygia Fagundes Telles


Autor: Lygia Fagundes Telles
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 224
Sinopse: São fragmentos dispersos, trechos de diários, escritos de viagens, fantasias e reminiscências... No final das 147 páginas, o quebra-cabeça se monta e os pedacinhos de vida ganham um sentido maior. Em A Disciplina do Amor, lançado em 1980, a escritora Lygia Fagundes Telles aparece em estado bruto. E convida o leitor a passear pela sua psique, com direito a viajar em suas inquietações e a provar de suas fantasias.O livro é feito de pequenas obras-primas que nos permitem conhecer um pouco mais o imaginário de uma das mais consagradas escritoras da língua portuguesa. Para ela, "o senso de humor não é negro, nem vermelho, nem azul mas tem as sete cores do arco-íris numa faixa só"Mais adiante, escreve: "É preciso dar uma margem de liberdade não só aos personagens mas também aos bichos." E intercala histórias de suas viagens à China e à Sibéria a trechos do livro de cabeceira As confissões de santo Agostinho.
Bem, depois da sinopse, acredito que não seja necessário escrever muito mais. O livro é marcante, bem escrito e cheio de indagações que nos faz refletir sobre nossos relacionamentos com os outros e conosco.

Mas, afinal, a disciplina é uma virtude do amor? No livro, a autora responde a um amigo que considera o amor indisciplinado por natureza: 

"Isto só na aparência, na casca... lá nas profundezas ele é de uma ordem e de uma harmonia só comparável à abóbada celeste." 
No fragmento que dá título à obra, Lygia conta a história de um cachorro que, durante a Segunda Guerra, na França, todos os dias refazia o antigo percurso do dono morto no combate. 


"Com o passar dos anos (a memória dos homens!) as pessoas foram se esquecendo do jovem soldado que não voltou... Só o cachorro já velhíssimo continuava a esperá-lo na esquina."

Entre escritos de naturezas diversas, ela tece a sua história e mostra que a vida é feita de pequenos detalhes, sutis, encravados no massacrante cotidiano. 
"São fragmentos do real e do imaginário... mas há um sentimento comum costurando uns aos outros nos tecidos das raízes. Eu sou essa linha." 

Um livro muito interessante. Quem gosta de crônicas, vai se deliciar.




Este livro foi lido para cumprir o item 8 do Desafio:
8. Ler um livro que foi lançado no ano do seu nascimento. 

2 comentários

Trilhas Culturais disse...

Confesso que não sou muito de crônicas, mas também nunca me nego em dar uma chance a um novo livro...

Sandra Mendes disse...

Eu tb não curto muito, Fe, mas até que gostei. :)

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Últimos livros lidos