PÁSSAROS FERIDOS (The Thorn Birds) - Colleen McCullough



Editora Bertrand do Brasil. 546p

Existe uma lenda acerca de um pássaro que só canta uma vez na vida, com mais suavidade que qualquer outra criatura sobre a terra. A partir do momento em que deixa o ninho, começa a procurar um espinheiro alvar, e só descansa quando o encontra. Depois, cantando entre os galhos selvagens, empala-se no acúleo mais agudo e mais comprido. E, morrendo, sublima a própria agonia e despede um canto mais belo que o da cotovia e o de rouxinol. Um canto superlativo, cujo preço é a existência. Mas o mundo inteiro pára para ouvi-lo, e Deus sorri no céu. Pois o melhor só se adquire à custa de um grande sofrimento ... Pelo menos é o que diz a lenda. O pássaro com o espinho cravado no peito segue uma lei imutável; impelido por ela, não sabe o que é empalar-se, e morre cantando. No instante em que o espinho penetra não há consciência nele do morrer futuro; limita-se a cantar e canta até que não lhe sobra vida para emitir uma única nota. Mas nós, quando enfiamos os espinhos no peito, nós sabemos. Compreendemos. E assim mesmo o fazemos. Assim mesmo o fazemos...
- Colleen McCullough, in Pássaros Feridos -

Esse clássico e conhecidíssimo romance até já virou filme, que eu mesma já assisti umas 4 vezes. No entanto, sempre tive curiosidade de ler o livro e saber mais a fundo sobre os personagens, coisa que não conseguimos fazer nos filmes.
A saga gira em torno da família Cleary. Paddy, o pai, e Fiona (Fee), a mãe, com seus sete filhos, dentre os quais há apenas uma menina: Meghan. Esta, em companhia do padre Ralph de Bricassart, são os personagens centrais de todo o romance.
Depois de anos de uma vida quase miserável com sua família, na Nova Zelândia, Paddy recebe uma carta de sua irmã, Mary Carson, com quem nunca mais havia se comunicado desde que ela partira, quando ele ainda era pequeno. Na carta, ela informava-lhe que queria que ele se mudasse para sua propriedade, Drogheda, na Austrália, para aprender a administrá-la, uma vez que ela já se encontrava avançada em idade e Paddy era seu único herdeiro.
Com os Clearys pisam em solo australiano, dá-se o primeiro encontro entre Meggie Cleary, com 10 anos, e o padre Ralph de Bricassart, aos 28. Instantaneamente ele se encanta pela menina e passa a dar-lhe total atenção e devoção. A princípio, por perceber que meninas não tinham valor na família Cleary. Seu destino era apenas um: penosos dias entre o fogão e todos os afazeres da casa. Meninas, para Fee, eram um atraso de vida. Bom mesmo eram os filhos homens!
Compadecido pela triste realidade da menina, Ralph a mima e toma conta dela de todas as maneiras que pode.
Os anos passam e a ligação entre Maggie e Ralph torna-se cada vez mais forte. Mary Carson, que sempre amou Ralph e nunca teve dele nada mais além de simples tolerância, passa todos esses anos observando a evolução da relação dos dois e percebe que ambos, Maggie agora com 17 anos e Ralph com 35, se amam. Assim, decide vingar-se de Ralph da pior maneira, arruinando para sempre a vida dele e de Maggie. Ela prepara tudo antes da noite da festa de seu aniversário. Depois da festa, ela tem uma breve conversa com Ralph e diz que aquela era sua última noite, de maneira que ela precisava contar-lhe.
De fato, no dia seguinte, Mary Carson amanhece morta, o que dá início à ruína de Ralph e Meggie, como ela prometera.
A partir daí, dá-se uma reviravolta na história e Maggie e Ralph, cientes do amor que têm um pelo outro, são separados pela triste escolha de Ralph, o que dá início a uma sucessão de escolhas erradas e dramas na família Cleary e na famosa Drogheda.
No entanto, o amor entre Ralph e Meggie nunca morre. Antes, se torna cada vez mais fortalecido a cada encontro que a vida lhes proporciona.

“Dizem os gregos que é pecar contra os deuses amar alguma coisa mais do que manda a razão. E lembra-se do que eles dizem quando alguém é amado assim? Que os deuses, invejosos, abatem o objeto desse amor na plenitude da sua força? Há uma lição nisso, Meggie. É profano amar demais.
— Profano, Anne, é a palavra-chave! Não amarei o filho de Ralph profanamente mas com a pureza da própria Mãe Santíssima”. (pg 284).

“Meggie é uma bênção — disse ele [Ralph]. — É uma coisa sagrada para mim,
uma espécie diferente de sacramento”. (pg 297)

Os dramas da família passam por mortes, casamentos desfeitos, desafeto, condenações, a guerra, a implacável seca que se assolou por 10 anos nos arredores de Drogheda... tristezas, dores e feridas que marcam a alma.
Muito melhor que o filme, o livro nos permite conhecer a fundo cada personagem, com o melhor e o pior de si. Nos faz rir e nos faz chorar.
De fato, um romance perfeito e imperdível. Um dos melhores livros que já li.
Super recomendo!


5 comentários

Tempestade disse...

San,
Me fez voltar há tempos atrás quando assisti a minissérie assim que passou.
Realmente é uma história linda!
Beijos!

Suziley disse...

Bela história mesmo, Sanzinha. Lembro do livro e do filme também!! Beijos, boa noite :)

Daniel Savio disse...

Amor só crescer com dificuldade, mas engraçado que quando esta dificuldade aumenta, preferimos desistir del...

Fique com Deus, menina Sanzinha.
Um abraço.

Pati Araújo disse...

Oi Sanzinha,

Já li o livro e amei, quando terminei de ler senti falta dos personagens, é uma estória tão forte e marcante...

Beijos,
Pati :)

Graça disse...

Maravilhoso enredo nessa obra clássica, que nos faz amar para sempre..

Beijos, San!!

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