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As crianças esquecidas de Hitler - Ingrid von Olhafen & Tim Tate

Título original: Hitler's forgotten children
Autores: Ingrid von Olhafen & Tim Tate
Editora: Contexto
Páginas: 240

"Dezenas de milhares de alemães - talvez dez vezes mais do que isso - pagaram com o próprio corpo o preço do tratamento estarrecedor e brutal dado por Hitler às cidades e ao povo da Rússia. O estupro era tão comum no setor soviético - tanto que deixou de ser notícia - que, para mulheres e garotas entre a puberdade e a idade adulta, a questão não era SE elas tinham sido violentadas, mas QUANTAS vezes."


A obsessão nazista com a pureza racial é bem conhecida por todos nós. O objetivo de criar uma raça ariana superior e a subsequente política de classificação racial os levaram a assassinar 6 milhões de Judeus no Holocausto. Mas não foram somente os judeus que foram dizimados nessa loucura. 

Os negros, ciganos, doentes mentais, homossexuais e deficientes físicos – considerados sub-humanos – foram mortos, esterilizados ou presos. Todo esse horror está documentado, inclusive registrado em fotos, e, como eu disse acima, o mundo todo tem ciência dos horrores causados pela loucura de Hitler. Há centenas, milhares de livros sobre o assunto.

No entanto, há uma outra parte dessa história que muita gente desconhece, que trata sobre as tentativas de criar uma limpeza racial.

Neste livro, Ingrid von Oelhafen nos conta sua história, sobre como ela foi tirada de seus pais Iugoslavos, ainda bebê, e adotada por uma família alemã.

Durante sua infância, Ingrid não conseguia sentir nenhum tipo de conexão afetiva com seus pais. Sua mãe era muito fria, não lhe dava nenhum tipo de carinho, e seu pai era muito duro, o que fazia com que ela tivesse medo dele.

Depois que a guerra terminou, os Soviéticos começaram a invadir a Alemanha e tratar os alemães da mesma maneira com que estes haviam tratado os judeus. A comida era racionada, os homens foram presos e muitas mulheres estupradas, sem contar as propriedades, que foram quase todas tomadas.

Com medo de sofrer as consequências do pós-guerra, a mãe de Ingrid fugiu com ela e seu irmãozinho, deixando-os num lar para crianças órfãs e partindo para outro lugar, para tocar a vida. Na época Ingrid tinha apenas 4 anos, e ficou nesse lar até o começo da adolescência. Sua mãe e seu pai raramente iam visita-los.

Depois da Guerra Fria, anos depois, Ingrid, pesquisando aqui e ali, começa a descobrir a terrível verdade sobre sua identidade e sobre o programa Lebensborn, que ajudava a SS na tentativa de garantir a dominação da raça ariana encorajando as mulheres e os soldados da SS a ter filhos. Porém, quando esse plano se mostrou ineficiente, o programa começou a incluir o sequestro de crianças cuja aparência era semelhante ao ideal de genética que eles almejavam, dando-as a boas famílias nazistas para criá-las.

Através de sua investigação, Ingrid foi guiada até a sua família biológica e a muitas outras vítimas do programa Lebensborn.


Não é novidade pra ninguém a fixação que eu tenho com este assunto. Tudo o que eu posso ler e assistir sobre a Segunda Guerra, eu o faço. Porém, tudo o que já vi e i até agora sempre tratou sobre o que já sabemos: os campos de concentração. Eu nunca tinha ouvido falar sobre o programa Lebensborn e fiquei muito surpresa ao saber que isso existiu.

As crianças esquecidas de Hitler é um livro que choca, parte porque é a história de apenas uma pessoa. A cada página nós ficamos mais familiarizados com Ingrid e sua vida, seus pensamentos, sentimos sua dor e acompanhamos a sua busca pela verdade. É impossível não se envolver e não se emocionar com os seus relatos. Nós podemos ver exatamente como a ignorância sobre suas origens impactaram sua vida.

É muito triste acompanhar suas várias tentativas sem sucesso de consultar registros. A burocracia para isso foi tremenda, nunca dava em nada, havia também a má vontade dos servidores públicos em ajudá-la. Sua busca levou anos até chegar à verdade.


Este é um livro de extrema importância para quem tem interesse sobre o Terceiro Reich e a loucura propagada durante esse período. Recomendo muito!  








Resistência - Affinity Konar

Título original: Mischling
Autora: Affinity Koar
Editora: Fábrica 231
Páginas: 319


"Tarde da noite, quando Pearl dormia profundamente, com a consciência a uma distância segura da minha, eu pensava naqueles minúsculos pedaços de mim e imaginava se nossos sentimentos permaneciam neles, apesar de serem meras partículas. Imaginava se os pedaços se detestavam por participarem daquelas experiências. Achava que sim. E desejava dizer para eles que não tinham culpa, que não era uma colaboração voluntária, que tinham sido sequestrados, coagidos, que tinham sofrido isso. Mas então entendi que tinha pouca influência sobre esses pedaços - depois de serem tirados, só atendiam à natureza e à ciência, e ao homem que dizia ser nosso Tio. Não podia fazer nada pelo bem desses numerosos e minúsculos pedaços."


No começo da história, somos apresentadas a Pearl e Stasha, duas irmãs gêmeas, de doze anos, com seu avô e sua mãe num vagão onde antigamente se transportava gado. Eles estão a caminho dos campos, onde prometeram-lhes que havia uma vida melhor e trabalho. Durante a viagem, as irmãs tentavam aplacar a fome lambendo uma cebola. Sim, lambendo, pois, se a mordessem e mastigassem, ela acabaria logo e elas continuariam com fome.
Ao chegarem ao seu lugar de destino, chamado Auschwitz, todos são recepcionados por uma música alegre, guardas cruéis e uma figura muito simpática, sorridente e toda de branco que, na visão das meninas, parecia um anjo numa terra estranha.
Logo na chegada as irmãs foram separadas de seu avô e sua mãe. Enquanto eles iriam para outro local, elas ficariam ali com o anjo sorridente que insistia em ser chamado de “Tio”. Ele e seus guardas separavam todos os filhos gêmeos de seus pais e as crianças iam todas para um lugar ao qual se referiam como zoológico. No entanto, essas crianças, dizia o Tio, eram especiais e, sendo assim, elas recebiam um tratamento e rações de comida um pouco melhores que os demais no campo. Mas era apenas um pouco.
Esse tratamento e a constante presença sorridente do Tio, sempre brincando com elas, sendo gentil e tentando agradá-las, fez com que ambas pensassem que elas e todos os gêmeos ali, por algum motivo, eram especiais. E eram mesmo. Mas não como elas imaginavam.
Antes de continuar a resenha, deixem-me apresenta-los ao Tio propriamente: seu nome era Josef Mengele.
Por todo o tempo em que estiveram no zoológico, Pearl e Stasha, e todas as outras crianças, eram sujeitas às mais perversas experiências de Mengele. Ele tinha a ideia fixa de que crianças gêmeas eram diferentes das outras pessoas “normais” e, com suas experiências, tentava descobrir quais eram os segredos de seu DNA. Tais experiências consistiam em jogar água fervente no ouvido dessas crianças, pingar soluções venenosas em seus olhos para cegá-las, costurar gêmeos um ao outro, pelas costas, apenas para ver o que acontecia e muitas outras atrocidades.
Pra mim, a narrativa se divide entre dois mundos: o mundo de Mengele e suas experiências, e o mundo criado por Pearl e Stasha.
As gêmeas sempre sentiam e pensavam as mesmas coisas, tanto que eram capazes de, frequentemente, adivinhar o pensamento, sentir a dor e completarem frases uma da outra. Nos primeiros dias em Auschwitz, elas mantiveram essa ligação. No entanto, depois de algum tempo, tornou-se muito difícil para Pearl não notar o mundo de Mengele e perceber o quanto a realidade era cruel à sua volta. Não sabemos ao certo o que Mengele fez com ela, mas a cada dia ela definhava e começava a ter a aparência de quem estava prestes a morrer.
Stasha também tinha sua parte de sofrimento. Assim como a irmã, ela era frequentemente levada ao laboratório do Tio para satisfazer suas perversidades. No entanto, ao contrário de Pearl, quanto mais ela via a crueldade ao seu redor, mais ela fugia para dentro de si e se escondia em seu mundo particular, onde ela tinha explicação para todas as coisas e planejava seu futuro.
À sua maneira, cada uma precisou desenvolver uma força de vontade muito grande para continuar vivendo no zoológico até que a guerra acabasse.

Eu sempre fui muito interessada a tudo o que diz respeito às Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Leio e assisto a tudo o que aparece sobre esse assunto e sempre me emociono muito com relatos de sobreviventes.
Até mesmo quando o livro é de ficção, eu consigo me emocionar. No entanto, não foi esse o caso com Resistência. Claro que me emocionei com os relatos de horror da narrativa, mas não me conectei à história, nem aos personagens.
A autora quis escrever um livro sobre o que acontecia nos campos de concentração e, ao mesmo tempo, acrescentar a poesia à sua escrita. O livro tem capítulos alternados entre as perspectivas de Pearl e Stasha, e nós podemos perceber mais claramente essa intenção da autora quando a história é narrada por Stasha. O problema é que eu não fui convencida.
Eu bem sei que é verdadeira essa ligação entre gêmeos, que às vezes um é mesmo capaz de sentir a dor do outro, que podem ficar doentes da mesma forma ao mesmo tempo e coisas desse tipo. Porém, pra mim, a dependência de Stasha em relação a Pearl foi exagerada. Nem mesmo eu “vestindo minha capa de criança de doze anos” e tentando ver o cenário e a situação por essa perspectiva, eu consegui engolir essa dependência. Pearl era bem diferente nesse aspecto e às vezes chegava até a se irritar com a irmã por causa disso. E foi justamente Stasha quem não me permitiu gostar mais do livro.
Eu entendi a intenção da autora, mas acho que ela poderia ter explorado esse personagem de uma maneira melhor, mais verossímil.
Mas meu descontentamento com a personagem não me impediu de gostar do livro e de recomendá-lo a vocês.
Se você é fã desse tipo de literatura, Resistência é mais um título que precisa estar na sua estante.


Ps: Pra quem se interessa e ainda não viu, há um documentário do History Channel sobre Mengele. Para assisti-lo, basta clicar aqui. Sua loucura era tanta que, dos cerca de 3 mil gêmeos que entraram em Auschwitz, apenas 183 sobreviveram.


Sobre a Segunda Guerra

Bom dia, gente!
Fuçando no Facebook, vi um link que o canal History postou, sobre um drone que sobrevoou o campo de extermínio em Auschwitz na época da Segunda Guerra. 
Eu não sei o motivo, mas tudo o que se refere a este assunto me interessa e me comove muito. Livros, filmes... tudo o que tem a Segunda Guerra como tema eu procuro conferir.

Enfim, fui olhar o vídeo e, apesar de não haver uma alma viva sequer naquele lugar, não pude deixar de imaginar todo o horror vivido lá e, mais uma vez, chorei. 

A seguir, vou reproduzir a matéria pra vocês:

Drone sobrevoa Auschwitz e mostra campo de extermínio de uma forma nunca vista antes


Um vídeo arrepiante feito com imagens de um drone mostra a enorme escala dos campos nazistas de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, onde dezenas de milhares de judeus e outras pessoas consideradas "indesejáveis" foram assassinados durante a Segunda Guerra Mundial. A filmagem é lançada em meio ao aniversário de 70 anos da libertação de Auschwitz-Birkenau pelas tropas aliadas, fato ocorrido em 27 de janeiro de 1945. A data da liberação se tornou o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto.
As imagens começam nos levando sobre os telhados vermelhos dos blocos da prisão de Auschwitz, onde os presos realizavam trabalhos forçados ou eram condenados à morte. Há também a parada do trem, onde chegavam os vagões repletos de judeus que eram conduzidos às câmaras de gás.Estima-se que em torno de 1,3 milhão de pessoas, 90% de judeus, morreram neste campo de extermínio entre 1942 e 1944. O local atualmente abriga um museu e um memorial.
Veja abaixo o tocante vídeo:


(Fonte: Canal History)


Emocionante, não é? 
Essas coisas mexem muito comigo. 

Para quem se interessa por este assunto também, deixo aqui o link de 4 resenhas que fiz sobre livros que tratam sobre a Segunda Guerra:

Apátrida - Ana Paula Bergamasco
A Sociedade literária e a torta de casca de babata - Mary Ann Shafter
A Guerra de Clara - Clara Krammer
A vida em tons de cinza - Ruta Sepetys

Qualquer um desses 4 livros irão emocioná-los, garanto. 

Espero que tenham gostado do post. :)

A VIDA EM TONS DE CINZA por Ruta Sepetys




Título original: Between the Shades of Gray
Autora: Ruta Sepetys
Editora: Arqueiro
Páginas: 240
Sinopse: 1941. A União Soviética anexa os países bálticos. Desde então, a história de horror vivida por aqueles povos raras vezes foi contada. Aos 15 anos, Lina Vilkas vê seu sonho de estudar artes e sua liberdade serem brutalmente ceifados. Filha de um professor universitário lituano, ela é deportada com a mãe e o irmão para um campo de trabalho forçado na Sibéria. Lá, passam fome, enfrentam doenças, são humilhados e violentados. Mas a família de Lina se mostra mais forte do que tudo isso. Sua mãe, que sabe falar russo, se revela uma grande líder, sempre demonstrando uma infinita compaixão por todos e conseguindo fazer com que as pessoas trabalhem em equipe. No entanto, aquele ainda não seria seu destino final. Mais tarde, Lina e sua família, assim como muitas outras pessoas com quem estabeleceram laços estreitos, são mandadas, literalmente, para o fim do mundo: um lugar perdido no Círculo Polar Ártico, onde o frio é implacável, a noite dura 180 dias e o amor e a esperança talvez não sejam suficientes para mantê-los vivos. A vida em tons de cinza conta, a partir da visão de poucos personagens, a dura realidade enfrentada por milhões de pessoas durante o domínio de Stalin. Ruta Sepetys revela a história de um povo que foi anulado e que, por 50 anos, teve que se manter em silêncio, sob a ameaça de terríveis represálias. 
Não é novidade pra ninguém aqui sobre o quanto me atrai o assunto sobre a Segunda Guerra, campos de concentração, holocausto e afins. Me emociono muito com as histórias de sobreviventes e é impossível eu terminar de ler esses livros sem chorar.

Todos sabemos do terror causado por Hitler nos anos entre 1939 e 1945. Todos aprendemos sobre isso na escola e tivemos conhecimento sobre o horrível massacre sofrido pelo povo judeu. Porém, na mesma época, Josef Stalin repetia as mesmas atrocidades nos países vizinhos à Rússia. Ouvimos falar muito pouco sobre isso, mas estima-se que Satlin matou cerca de 20 milhões de pessoas!

A Vida em Tons de Cinza conta a história de Lina Vilkas, uma adolescente lituana de 15 anos que tem seus sonhos interrompidos pela tirania de um lunático. Ela mora com seus pais, Elena e Kostas, e seu irmãozinho de 10 anos, Jonas, na cidade de Kaunas e estava prestes a entrar para a melhor escola de Artes da capital, acabara de ser admitida devido ao seu excepcional talento artístico. Porém, na noite de 14 de Junho de 1941, Lina e sua família têm suas vidas mudadas para sempre.

Por toda a região do Báltico (Lituânia, Letônia, Eslovênia, Finlândia), a NKVD – polícia secreta soviética e atual KGB – está invadindo casas e deportando pessoas. Lina, sua mãe e seu irmão e outras centenas de milhares de pessoas são jogados em trens usados para transportes de animais, em condições completamente desumanas e levados para um campo de trabalho em Altai, região norte da China. Lá, eles sofrem todo tipo de crueldades: fome, terror psicológico, escravidão, humilhação, doenças e mortes. Porém, em meio a toda essa desgraça, ainda conseguem viver com esperança, unidos pelo amor e pela compaixão, e até têm alguns momentos nos quais conseguem se esquecer de sua realidade e sorrir por algum motivo. Lina é uma dessas pessoas que, mesmo machucada, faminta e exausta, encontra em Andrius o primeiro amor e em sua família a esperança de reencontrar seu pai, cujo paradeiro ninguém sabe.

“Era sob a mira de uma arma que eu abraçava todas as esperanças e me permitia desejar do fundo do coração”.


Os meses vão passando e o sofrimento não tem fim. Os deportados, famintos, são obrigados a buscarem comida nos restos de lixo dos oficiais, pois recebem apenas 300 gramas de pão por dia para se alimentar. Banho nunca mais. Durante todo esse período, Lina vai registrando tudo o que lhes acontece em desenhos e textos, escondendo-os onde consegue, para que sejam descobertos mais tarde e que a posteridade saiba o que sofreram.

Então, quando eles acreditavam que a coisa não poderia ficar pior, grande parte deles são listados para serem transferidos para outro campo. De Altai, na China, Lina e sua família são levados para o Ártico, na Sibéria, onde seria absolutamente impossível que alguém conseguisse sobreviver. Mas alguns sobreviveram. Heroicamente.

A Vida em Tons de Cinza nos conta a história de um povo que nos ensina que a arma mais poderosa que existe é o amor, seja por um amigo, uma nação, por Deus ou até mesmo pelo inimigo. Um livro emocionante, uma história que deve ser conhecida por todo o mundo.

Abaixo, um vídeo no qual a autora dá detalhes sobre a Guerra e como escreveu o livro.





Super recomendado!

APÁTRIDA - Ana Paula Bergamasco


Editora Todas as Falas. 338p.
Classificação: 

SinopseUma pequena vila na Polônia. Uma menina repleta de vida. Um encontro. Vidas ceifadas. Sonhos destruídos. Infâncias roubadas. As recordações da personagem Irena amarram o leitor na História do Século XX. Baseado no estudo dos fatos que marcaram a época, o palco da narrativa é a conturbada Europa pós Primeira Guerra Mundial, culminando com a eclosão da Segunda Grande Guerra e a destruição que ela provocou na vida de milhões de pessoas. A narradora conduz a exposição em primeira pessoa, e remete o leitor a enxergar, através de seus olhos, o cotidiano a que ficou submetida. É um relato humano, sincero e envolvente que revela a passagem da vida infantil e feliz da menina, para o tumulto da existência adulta, cheia de contradições.
__________________________

Como começar esta resenha? Como falar de algo tão atroz?


Bem, em Apátrida, temos a história de Irena, a caçula de uma numerosa família polonesa. Morava com os pais e os seis irmãos numa pequena propriedade que era da família havia muitas gerações. A história começa desde sua infância, contada por ela mesma, antes da Segunda Guerra Mundial e segue até os anos depois da guerra.

É muito difícil tentar escrever algo sem me emocionar. Mais ainda, sem soltar spoilers. Mas vamos tentando.

Com uma história de várias perdas desde a tenra idade, Irena nos leva para dentro de sua época, fazendo com que vivamos, junto a ela, todos infortúnios passados por sua família: as dificuldades financeiras, mortes, perdas de pessoas queridas...
Mais tarde, um tempo de refrigério em meio a tanta infelicidade já vivida. E depois do curto tempo de refrigério, o inferno trazido pelos horrores da guerra e a dizimação do povo judeu.

Temos uma descrição muito bem feita do arremedo de vida a que aquele povo foi submetido. É impossível conter as lágrimas durante a leitura. Eu tive que parar várias vezes para poder chorar e me desfazer do aperto no peito antes de continuar a ler. E confesso que agora, ao escrever esta resenha, estou chorando de novo.
Os guetos onde milhares de judeus eram obrigados a viver em meio a fome e as mais variadas doenças, o tratamento dos alemães para com eles e a maneira como o exército de Hittler matava crianças, grávidas e pessoas idosas, sem o mínimo de piedade... O horror é indescritível.

Eu não sei o motivo, mas desde os meus tempos de escola eu sou aficionada a esse tema. Já vi vários filmes, documentários, tenho vários livros a respeito... Inclusive, já resenhei um aqui no blog: A Guerra de Clara (clique no nome do livro para ler a resenha). Mas, diferente de Apátrida, A Guerra de Clara é uma história real, bem ao estilo Anne Frank – que eu também já li e já resenhei aqui.

Bem, no livro, a narrativa intercala os períodos do passado e do presente de Irena. É no presente, depois de tanta crueldade vivida, que ela resolve falar sobre tudo o que vivera, contando sobre a Polônia, a vida na Bielorrússia e, posteriormente, nos campos de concentração.
Como eu já disse, Apátrida é um livro de ficção. Uma história de amor e de sonhos destruídos pelas atrocidades da guerra. Mas o cenário para essa história foi real. Muito real. E eu tenho certeza de que muitas Irenas e Jacobs viveram tudo isso de verdade, sofrendo a perda dos seus amados e sendo submetidos a todo tipo de crueldade... E isso me comoveu de tal maneira, que por muito tempo ficarei com a presença dos personagens na minha mente.

A guerra terminou há muito tempo. Para nós, que só sabemos dela pelos livros. Mas para aqueles que passaram por ela e, de alguma maneira sobreviveram a tudo aquilo, ela continua lá, bem viva, marcada indelevelmente na alma dessas pessoas.

Meus parabéns e total admiração à Ana Paula Bergamasco, por tão rica obra e por me presentear com um livro tão precioso.

E meus mais sinceros sentimentos a todos aqueles que passaram por esse período negro da história e perderam suas famílias, sua terra natal e sua paz.

Continuo chorando.


A autora

Paulista, descendente de imigrantes italianos e espanhóis, Ana Paula sempre buscou compreender as adversidades que os assolaram quando aportaram no Brasil. Cursou direito na Faculdade de Direito da USP. Nesta, desenvolveu projeto de pesquisa na área de direito internacional cujo objeto de estudo foi a possibilidade da pessoa humana ter direitos perante o sistema jurídico internacional. Recebeu uma menção honrosa da USP e participou de um Congresso da Rutgers University - USA. Cursou pós-graduação de Direito Tributário na PUC-SP e Direito Contratual no IICS_CEU, onde hoje é professora. É mestranda em Direito na USP. Contudo, a ideia de realizar um sonho de infância e transformar todo o estudo histórico num romance somente veio a se concretizar agora, com o lançamento de Apátrida. Feliz, afirma que com ele, de certa forma, completou um ciclo de sua vida. A árvore já havia plantado, ainda criança, no jardim de sua doce avó materna. Filhas, ela possui duas, que lhe deram a plenitude de ser mulher. Com Apátrida, inicia uma nova fase: além de mãe, advogada e mestranda, a de escritora. E, para sua surpresa, com o reconhecimento de ser o livro finalista do Prêmio SESC de Literatura de 2009.


Twitter: @anabergamasco 


PROMOÇÃO RELÂMPAGO

*Vou sortear um exemplar de O Mundo de Vidro (CLIQUE PARA LER A RESENHA) entre os leitores que seguirem o blog e comentarem este post até as 17h00 de quarta-feira, dia 02 de Fevereiro.
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